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29 de julho de 2017

29 de julho de 2017 por GenealogiaFB comentários

Por Madalena Campos

Foi no “escritório velho”, como era designado, agora numa parte da casa que deixara de ser utilizada, de avô e bisavô do meu marido, que vim a perceber a que me dedicar com entusiasmo nos anos seguintes ao cessar da vida activa.

Fotografia de João Gonçalves


Tendo esse avô sido um homem que arquivava toda a correspondência recebida e expedida, havendo inúmera documentação desde o século XVII referente a prazos, heranças, compras, vendas, processos, diários, fotografias, revistas culturais antigas, recortes de jornais, passaportes, bilhetes de navios, pareceu-me haver em arquivo material suficiente, a constituir uma óptima fonte para continuar o trabalho dum tio padre, o Padre José Monteiro de Aguiar, que já tinha estudado a genealogia de duas casas da família, a do pai e da mãe, com dados que eram do conhecimento familiar, e por pesquisa presencial na Torre do Tombo.

A partir das genealogias dessas duas casas e consultando o etombo, parti à procura dos outros nomes de quem permitira a existência dos meus filhos, pela parte da avó paterna, tendo nessas outras fontes pessoais excelente complemento para perceber a que se dedicavam, com quem interagiam, até a traçar-lhes um perfil.

Foi aliciante ver que muitos desses nomes constavam dos documentos existentes nesse escritório e até outros nomes que fui encontrando nos assentos da freguesia e freguesias limítrofes, permitindo conhecer o relacionamento existente entre eles, em termos de parentesco, de amizade, negociais.

Houve na casa um homem a quem estiveram hipotecadas algumas quintas conhecidas, transmitidas a várias gerações. Um homem de negócios financeiros, efectuados em escritórios do Porto e Lisboa. Foi a esse homem a quem roubaram na ocasião da sua morte uma caixa de moedas de ouro existente perto do seu leito. Há um depoimento feito por filho, padre dominicano, que se encontrava no quarto, por onde passaram muitas outras pessoas, depoimento encontrado nesse escritório.

Há cartas de pais para filhos, de filhos para pais, ajudando a perceber os seus percursos. Diários em que são relatados acontecimentos especiais, como nascimento de filhos, falecimentos de esposas, júbilo por uns e dor por outros; fenómenos naturais ocorridos; caderninhos de receitas, uns, outros com formas de fazer face a maleitas várias, de orações, até de cantigas.

Foi graças a esse escritório que senti o gosto pela pesquisa genealógica de todos os membros da família, por todos os ramos, a que me tenho dedicado, para transformar o passado esquecido no presente em presente dando vida ao passado.


Texto inserido na série Do passado esquecido no presente ao presente dando vida ao passado
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